Opinião

balanço geral

O provérbio é antigo, mas ao mesmo tempo, tão atual: “A ocasião faz o ladrão”. Machado de Assis corrigiu a máxima com muita propriedade para: “Não é a ocasião que faz o ladrão, o provérbio está errado. A forma exata deve ser esta: a ocasião faz o furto; o ladrão já nasce feito”.
As novelas da Rede Globo estão aí para confirmar e até ensinar algumas “manobras”. Ladrão, assassino ou corrupto (seja qual a especialização do marginal no Mundo do crime), a televisão está aí para mostrar, e provar, que nem os homens de toga escapam dos olhares atentos dos escritores brasileiros, que retratam nas telas uma realidade camuflada no Brasil, mas, que no mundo real, parece passar longe do olhar atento da justiça. Mas também, como cobrar da justiça, que é representada simbolicamente por uma estátua de mulher de olhos vendados. Eu sei que existe todo um simbolismo, a balança e a espada, representando o direito e a defesa dos valores daquilo que é justo. Mas, convenhamos, do jeito que o Brasil se “arrasta”, parece que a venda nos olhos está bem mais apertada do que imaginávamos.
Na imprensa, no passado, tínhamos um profissional responsável por elaborar pautas interessantes para divulgação. O pauteiro acabou sendo substituído pelos editores. Eu continuo tendo um pauteiro e ele é eficiente. Consegue descobrir coisas que muita gente acha que vai passar despercebido.
No início desta semana, um fato, trazido por ele, chamou a atenção. Não posso dizer nomes, mas achei interessante mencionar parte do processo, que é público, e pode ser pesquisado por qualquer cidadão. No entanto, não há condições de citar nomes. Mas posso fazer alguns questionamentos, graças a nossa democracia.
Voltando a ficção, na novela O outro lado do paraíso, da Rede Globo, a corrupção e os crimes, alguns absurdos e até sem nexo, mexem com o imaginário popular. Todos torcem para a mocinha colocar a bandidagem na cadeia, que vai da empresária (altamente beneficiada pelo sistema corrompido) até o juiz, um magistrado que deveria zelar pela integridade da justiça.
Dizem que a vida imita a arte. Só pode ser isso! Fiquei sabendo que uma autoridade federal – do mais alto escalão – não quer pagar o que deve. A cobrança foi parar na justiça. Parece ironia. O caso foi parar na justiça.
A TV mostra diariamente que juiz não pode exercer o comércio ou participar de sociedade comercial, inclusive de economia mista, exceto como acionista ou quotista; médico tem que agir de acordo com o juramento; delegado não pode receber “ajudinhas” de custo; sonegação fiscal é crime; matar, “pelo amor de Deus”, é crime! Mas, precisamos, em alguns casos, afrouxar a venda.